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É sabido que os brasileiros têm afeição aos sabores doces. A dose de açúcar recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de até 10% da ingestão calórica diária. Ou seja, em uma dieta de 2 000 calorias, o desejável seria consumir até 50 gramas do ingrediente. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, no país, a população consome 50% a mais de açúcar do que o indicado – podendo ser prejudicial à saúde. É nesse momento que o adoçante, também conhecido tecnicamente como edulcorante, velho aliado de quem já tem restrições alimentares ligadas aos açúcares, entra na jogada. Mas, afinal, o adoçante é uma substância segura?
De acordo com Kathia Schmider, nutricionista e coordenadora técnica da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), a resposta é sim. Isso porque, segundo ela, os adoçantes estão entre as substâncias mais estudadas por órgãos reguladores e científicos de todo o mundo. “No Brasil, poucos conhecem a rigidez e a seriedade que existem na aprovação desses ingredientes. Por aqui, quem regulamenta o setor é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que utiliza como base o Codex Alimentarius, programa conjunto da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS), cujo objetivo é estabelecer normas internacionais na área de alimentos, incluindo diretrizes, padrões de produtos e códigos de boas práticas”, afirma.
Portanto, nenhum adoçante chega às prateleiras dos mercados e farmácias sem ter passado por uma avaliação prévia, feita por organismos competentes, além de enfrentar testes experimentais e análises toxicológicas que investigam, inclusive, se a nova substância afeta o metabolismo ou está relacionada a qualquer efeito adverso à saúde. Então, por que a clássica dúvida entre “açúcar e adoçante”, levando os riscos à saúde em consideração, acompanha o brasileiro há tantas décadas?
Combate às fake news
Para Kathia, as notícias alarmantes e errôneas que circulam, tanto na imprensa como nas redes sociais, a respeito dos adoçantes são resultado de pesquisas mal interpretadas sendo utilizadas como fonte de informação e que podem levar ao descrédito produtos avaliados como seguros. “É evidente que o tema da segurança alimentar é importante e merece investigação constante, mas as razões dessa abordagem equivocada costumam estar ligadas à complexidade da linguagem técnica, ao uso de dados fora do contexto original e à leitura parcial de estudos com uma análise superficial que leva a conclusões precipitadas”, ressalta.
Interpretar corretamente os dados científicos contribui para uma informação correta. No Brasil, a própria ABIAD se compromete a manter os dados sobre adoçantes sempre atualizados e acessíveis. “A associação lançou, recentemente, a campanha Adoçantes São Seguros. Fato!, exatamente com o objetivo de orientar e esclarecer a população em geral e demais interessados sobre o uso dos edulcorantes como alternativa para a redução do consumo de açúcar e calorias. E, também, combater as fake news”, diz.
Uso de adoçantes no dia a dia
O tema, abordado frequentemente na hora do cafezinho, ganhou ainda mais relevância na quarentena ocasionada pela pandemia de Covid-19. Com boa parte da população passando mais tempo em casa, era inevitável que a relação dos brasileiros com a comida fosse afetada. Muitos adquiriram ou intensificaram o hábito de cozinhar, acarretando maior reflexão sobre os alimentos consumidos.
Os adoçantes são alternativas eficazes nos esforços para reduzir a ingestão total de açúcar. Eles são utilizados há mais de um século em alimentos e bebidas, não alteram o apetite dos consumidores e podem ser adotados em diversas receitas, sendo indicados, de maneira geral, a todas as pessoas, sem restrições. “O limite de consumo – a chamada Ingestão Diária Aceitável (IDA), quantidade estimada por mg/kg de peso corporal que uma pessoa pode consumir todos os dias, por toda a vida, sem risco à saúde – é praticamente impossível ultrapassar. Assim, os adoçantes se firmam como opções úteis para diminuir calorias e açúcares na alimentação, mantendo o sabor doce, tão apreciado de forma inata pelo ser humano”, aponta Kathia.
Existem diferentes versões de edulcorantes disponíveis no mercado, de origem natural ou artificial. A nutricionista reforça, entretanto, que não há opções melhores ou piores: todas são igualmente testadas antes de serem aprovadas para consumo. “O que muda, na verdade, é o sabor. Por isso, o ideal é experimentá-los para fazer a escolha certa, de acordo com o paladar de cada um. Sem medo e riscos”, conclui.
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